Como os Anos 60 Imaginaram 1975: em Fotos

Em 1962, o mundo fervilhava de otimismo e ambição. A corrida espacial estava a todo vapor, a tecnologia avançava a passos largos e a promessa de um futuro brilhante parecia mais próxima do que nunca. Foi nesse cenário que o jornalista e autor Arnold B. Barach publicou “1975: And the Changes to Come”, um livro que se propunha a prever como seria a vida menos de quinze anos à frente.

Monitor cardíaco. Fonte: 1975 and The Changes To Come (1962)

Longe de ser uma obra de ficção científica, o livro de Barach era uma análise séria, baseada nas tendências e inovações da época. Ele capturou a mentalidade da “Era Espacial” e projetou um 1975 que, hoje, nos parece tão fascinante quanto ingênuo. Suas previsões, ilustradas com gráficos e fotografias futuristas, nos dão uma janela para a imaginação de uma geração.

Carros Voadores, Casas Inteligentes e o Fim das Tarefas Domésticas

A visão de Barach para 1975 era, em muitos aspectos, um paraíso tecnológico. Ele previa que as tarefas domésticas seriam coisa do passado, com robôs aspiradores e máquinas de lavar que operavam de forma totalmente autônoma. As cozinhas seriam equipadas com fornos de micro-ondas super-rápidos e geladeiras programáveis que fariam pedidos de supermercado sozinhas. A casa do futuro seria uma máquina perfeitamente otimizada para o lazer.

Nos transportes, a grande revolução seria a popularização dos carros elétricos e até mesmo dos veículos voadores. A poluição sonora e do ar nas cidades seria drasticamente reduzida, com o fim dos motores a combustão. As rodovias dariam lugar a sistemas de transporte automatizados, onde os motoristas poderiam relaxar enquanto seus carros se guiavam sozinhos.

Compras Automatizadas e a Revolução do Lazer

O consumo também seria transformado. Barach previa que as compras seriam feitas, em sua maioria, por meio de sistemas de televisão interativos. Você poderia selecionar os produtos e até mesmo ver como eles ficariam em sua casa antes de comprá-los, tudo sem sair do sofá. O dinheiro físico se tornaria obsoleto, substituído por cartões de crédito onipresentes.

Com o tempo livre que essas inovações proporcionariam, a humanidade se dedicaria mais ao lazer e à educação. O autor imaginou um boom nas viagens de turismo, tanto domésticas quanto internacionais, e a proliferação de parques de diversão e espaços de entretenimento de alta tecnologia.

E o que Realmente Aconteceu em 1975?

Ao olharmos para 1975, é claro que a realidade divergiu bastante da visão de Barach. Não havia carros voadores nas ruas nem robôs que faziam todas as tarefas de casa. O computador pessoal, que revolucionaria a vida moderna, ainda estava em seus estágios iniciais. A maioria das pessoas ainda ia ao supermercado e usava dinheiro e cheque para suas compras.

No entanto, a essência de algumas de suas previsões estava correta. A tecnologia para cozinhar mais rapidamente (o micro-ondas se popularizou na década de 70), a automação de algumas tarefas e o crescimento do lazer eram tendências reais. O que ele não previu, contudo, foi o ritmo e a forma como essas inovações se manifestariam.


Maquina de lavar louças. Fonte: 1975 and The Changes To Come (1962)

Ele sonhou com uma máquina de lavar louça por ultrassom, uma ideia que, embora não seja comum, já existe em protótipos e em algumas tecnologias industriais. A visão dele era clara: a tecnologia existia para nos servir e dar mais tempo para o que realmente importa.


Maquina de tradução. Fonte: 1975 and The Changes To Come (1962)

Barach também previu uma revolução na forma como acessamos informações. Ele imaginou gadgets que hoje nos parecem familiares, embora com nomes e designs diferentes. A máquina de tradução, por exemplo, era uma de suas previsões. Hoje, temos aplicativos como o Google Tradutor que realizam essa função em tempo real.
Maquina de tradução. Fonte: 1975 and The Changes To Come (1962)

Ele também falou de um localizador de referências, uma ferramenta para encontrar informações em bibliotecas ou arquivos de forma instantânea. Em um mundo sem internet, essa era uma ideia ousada. O que temos hoje com os mecanismos de busca, como o Google e a Wikipedia, é a realização dessa ideia em uma escala global e instantânea.

O autor também previu uma máquina de leitura e uma máquina de ensino, dispositivos que ajudariam a disseminar conhecimento. Embora não tenhamos uma “máquina” única para isso, os tablets, e-readers e plataformas de ensino a distância como Coursera e edX são a encarnação moderna dessas invenções.

Maquina de leitura. Fonte: 1975 and The Changes To Come (1962)

O livro de Barach não foi uma falha. Ele foi um documento poderoso de um tempo em que o futuro era visto com uma curiosidade e esperança quase infantis. Ele nos lembra que, embora a tecnologia possa moldar o nosso mundo, a imaginação é o que verdadeiramente nos move. E, afinal, a promessa de um futuro melhor é sempre mais fascinante do que a realidade.

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